Covaxin: deputado Luís Miranda põe Bolsonaro no centro da corrupção

Por Plínio Bortolotti - OPOVOonline 28/06/2021 - 17:08 hs
Foto: Reprodução
Covaxin: deputado Luís Miranda põe Bolsonaro no centro da corrupção
Covaxin: deputado Luís Miranda põe Bolsonaro no centro da corrupção

É difícil saber qual ou quais foram as motivações do deputado federal Luís Miranda (DEM-DF) para levar a cabo as suas explosivas declarações na CPI da Pandemia, que pôs o governo do presidente Jair Bolsonaro em péssima situação, dinamitando sua última cidadela de defesa: o autodeclarado governo sem corrupção.

Igrejinha
Agora, apenas a igrejinha de fanáticos continuará acreditando na lorota de um governo limpo, pois vivem em um mundo paralelo, onde a palavra do “mito” vale mais do que os fatos científicos e a verdade factual. Esses bolsonarianos estão na casa do sem jeito: pulariam de um avião sem paraquedas se Bolsonaro dissesse que chegariam incólumes ao solo.

Irmão
Voltando ao caso das razões do deputado denunciante, tirando o famoso “estou fazendo pelo bem do Brasil” — mantra de qualquer político — ele pode ter tido interesses contrariados no governo Bolsonaro, do qual era adepto, ou resolveu partir para a defesa do irmão, funcionário da Anvisa, que vinha sendo pressionado a liberar a importação da vacina Covaxin, atropelando as normas que deveriam ser observadas.

Desqualificação
Sendo uma coisa ou outra, a tentativa de desqualificar o denunciante, como fez Onyx Lorenzoni, titular da Secretaria-Geral da Presidência, mostra o desespero do denunciado. Em situações assim, não adianta querer matar o mensageiro das más notícias, como faziam os poderosos de antanho; mas, no caso, dar provas de que não houve as falcatruas denunciadas. Isso, o governo não conseguiu fazer até agora.

O negócio é tão feio que a deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP) apagou uma série de postagens em sua rede social com elogios à compra da Covaxin pelo governo.

Tropa de choque
Na sessão da Comissão Parlamentar de Inquérito que ouviu Luís Miranda e seu irmão Luís Ricardo, foi dado o golpe de misericórdia nas baboseiras que a tropa de choque do governo vinha declamando: de que não havia nada irregular no contrato assinado com a produtora da vacina Covaxin, o laboratório Bharat Biotech, com intermediação da empresa Precisa Medicamentos (também envolvida em “rolos”). O depoimento do deputado pôs o próprio presidente no centro da corrupção que, tudo indica, prevaleceu na negociação da compra da vacina.

“Rolo”
Pressionado na CPI, o deputado Luís Miranda afirmou que, na reunião que ele e o irmão tiveram com o presidente da República para informar sobre delitos que ocorreriam na Anvisa, Bolsonaro teria dito que era mais um “rolo” de Ricardo Barros, que vem a ser líder do governo.

Polícia Federal
O presidente, segundo Luís Miranda, teria se comprometido a falar com a Polícia Federal (PF) para investigar o caso. Além de nunca ter acionado a PF, na sequência Bolsonaro nomeou a mulher de Barros para o cargo de conselheira de administração da Itaipu Binacional, com o modesto salário de R$ 27 mil, e o pesado encargo de comparecer a uma reunião a cada dois meses.

Estamos aí
Ricardo Barros é um tipo eclético, daqueles que quer “servir ao país” de qualquer maneira, não importa o governo de plantão, ele está lá, bem colocado: Foi líder ou vice-líder dos governos de FHC, Lula, Dilma e, agora de Bolsonaro. Deveria ganhar um troféu pelo seu patriotismo.


Pazuello, de novo
Para piorar a situação do governo, a ex-mulher do ex-ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, voluntariou-se para depor na CPI e já indicou pontos sobre os quais pretende falar (a informação é da coluna Lauro Jardim, no O Gobo). Com a ex-mulher entrando em campo, o general da ativa deveria pôr a barba de molho, se lhe fosse permitido tê-la.

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