Falta de quórum em jantar mostra que Lula vai ter trabalho para fazer aliança com MDB em 2022

Por Mariana Carneiro 09/10/2021 - 08:53 hs
Foto: Reprodução
Falta de quórum em jantar mostra que Lula vai ter trabalho para fazer aliança com MDB em 2022
O ex-presidente Lula em jantar com Veneziano Vital do Rego, Walter Alves e Isnaldo Bulhões

O jantar com caciques do MDB, servido como prato principal de Luiz Inácio Lula da Silva em sua rodada de conversas nesta semana em Brasília, acabou esvaziado. O evento na noite de quarta-feira ocorreu na casa do ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (MDB-CE), que não conseguiu se reeleger e deve tentar em 2022 voltar à capital como deputado federal.

A expectativa era a de que Lula se encontrasse com cerca de 10 caciques, mas houve uma sequência de ausências. Aliado declarado do ex-presidente, Renan Calheiros (MDB-AL) avisou que só volta a conversar com o petista após a conclusão da CPI da Covid. O senador Eduardo Braga (MDB-AM), que também integra a comissão, foi pelo mesmo caminho e preferiu não ir. 

O ex-presidente José Sarney se ausentou porque a mulher, Marly, está hospitalizada. E o governador Ibaneis Rocha (DF) ficou enciumado porque Lula apareceu com o rival Rodrigo Rollemberg (PSB) dias antes. Também não apareceu o ex-senador Romero Jucá (MDB-RR).

Não que as faltas sinalizem que o partido tomará distância de Lula em 2022. Mas a facilidade com que os emedebistas abriram mão do encontro com o petista, mesmo ele sendo o mais bem colocado nas pesquisas, mostra que uma aliança com o MDB de hoje é mais complexa do que com a sigla que ocupou a vaga de vice de Dilma Rousseff em 2010 e 2014.

Algumas das principais estrelas do MDB de 2021 nem foram convidadas para o jantar de Eunício, a exemplo de Simone Tebet (MDB-MS), tratada como potencial candidata do partido à Presidência. A senadora defendeu o impeachment de Dilma em 2016 e, em seu estado, o bolsonarismo tem forte apelo. 

O presidente da sigla, Baleia Rossi, tem base eleitoral no interior paulista, região de influência do agronegócio e que também pende a Bolsonaro. No Rio Grande do Sul, MDB e PT estão em lados opostos, assim como na capital paulista. 

Por isso, dentro do partido, há quem tenha considerado "equivocada" a tentativa de Lula de promover uma comunhão política neste momento. A falta de definições nos estados e a complexidade dessa aliança são temas que, pelo vocabulário dos próprios políticos, ainda demanda uma longa construção.

G O GLOBO