Por que as pesquisas estão perdendo a sua credibilidade?

Foto: Antonio Augusto/Ascom/TSE
Por que as pesquisas estão perdendo a sua credibilidade?
Desde 2020, o TSE vem promovendo ações para incentivar a participação de jovens na política

Com a proximidade das eleições, a atenção de uma parte da sociedade e da mídia se volta para as pesquisas de opinião, focando sobretudo na variável intenção de votos. A ansiedade que se gera com a divulgação de cada relatório é sobre quem está à frente da disputa; se algum candidato ainda tem chances de vencer, ainda que não esteja pontuando bem, e qual a rejeição de cada postulante.

Mas olhando para eleições anteriores, a impressão generalizada é que os institutos cada vez menos "acertam na mosca". Muito pelo contrário, fala-se muito que as pesquisas nunca erraram tanto quanto em 2020. E se quisermos ampliar o leque do debate, ainda há o incômodo com a possibilidade de, no Brasil, estarmos replicando os mesmos erros que os institutos cometem em outras democracias, como nos Estados Unidos.

Ou seja: mais um elemento do universo político que perde credibilidade junto à população. No entanto, há muito o que se debater sobre esse universo. Por que as pesquisas estão perdendo a sua credibilidade, quando são observadas sob o ângulo da sua capacidade preditiva?

Uma hipótese é que o principal produto oferecido pelos institutos de pesquisa, os relatórios de intenção de voto, esteja passando por um processo de envelhecimento: as inovações tecnológicas e as mudanças comportamentais vividas pela sociedade brasileira nos últimos anos parecem definir um novo ambiente, no qual as pessoas interagem, escolhem suas prioridades e apresentam essas escolhas a partir de outros canais. Para ampliar o entendimento sobre o que as pessoas falam e suas preferências, manifestadas num único momento, o da entrevista, é necessário saber o que elas fazem no universo digital, no qual passam cada vez mais tempo.

De repente, esta é a oportunidade para que os institutos de pesquisa intensifiquem a divulgação de outras medidas de popularidade e de apoio aos candidatos e às suas ideias. A análise das mídias sociais pode captar tendências na formação das preferências eleitorais e dar sentido aos números das pesquisas.

Embora não as substitua – nem as pesquisas telefônicas, nem tampouco as presenciais – a medição da popularidade digital dos candidatos, a avaliação do nível de adesão às suas publicações e o impacto de suas campanhas no ambiente digital, certamente ajudará não apenas os analistas políticos, mas também os eleitores, a interpretar os números de intenção de voto. E, com isso, teremos um novo parâmetro para qualificar a informação pura e simples dos números.

JC Online