Por que os remédios ficaram mais caros? Alta atinge mais os analgésicos e antitérmicos

Por Bruna Damasceno 28/07/2022 - 09:07 hs
Foto: Reprodução
Por que os remédios ficaram mais caros? Alta atinge mais os analgésicos e antitérmicos
Preço dos medicamentos para gripes, febres e dores subiu 14,69% na Grande Fortaleza

Os dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), calculam o acumulado dos últimos seis meses até junho deste ano. O custo local também ficou acima da média nacional (12,09%).

Depois dos analgésicos e dos antitérmicos, as vitaminas e os fortificantes tiveram as maiores elevações (12,69%). Já a variação acumulada do índice geral de medicamentos da Capital e da Região Metropolitana ficou em 6,34%.

Veja os itens farmacêuticos que tiveram as maiores altas no período*:

  • Analgésico e antitérmico: 14,69%;
  • Vitamina e fortificante:12,59%;
  • Produtos farmacêuticos: 9,83%;
  • Psicotrópico e anorexígeno: 7,94%;
  • Anti-infeccioso e antibiótico: 7,3%.

*Variação acumulada dos últimos seis meses até junho.

Por que os remédios ficaram mais caros?

A Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), órgão interministerial vinculado à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), aprovou o reajuste de até 10,89% do preço dos remédios a partir de 1º de abril deste ano. O acréscimo começou a chegar às farmácias já naquele mês para algumas categorias.

Em alguns casos, foi repassado nos meses seguintes. Veja como oscilou a inflação de analgésicos e antitérmicos ao longo do ano na Grande Fortaleza:

  • Janeiro: 2,78%;
  • Fevereiro: 3,74%;
  • Março: 4,95%;
  • Abril: 11%;
  • Maio: 12,46%;
  • Junho :14,69%.

Mas por que o aumento é superior ao percentual estipulado pelo reajuste? Segundo o conselheiro do Conselho Regional de Economia Ceará (Corecon-CE), Wandemberg Almeida, a alta dos remédios ainda amarga as consequências da pressão da demanda e da falta de insumos desde o início da pandemia de Covid-19.

Outros pontos, acrescenta, que pressionam o custo de produção são a disparada do dólar e o reajuste da conta de energia. Para o economista, além das questões relacionadas à cadeia produtiva farmacêutica, o cenário epidemiológico regional contribuiu para o encarecimento superior à média nacional.

“Nesse período do primeiro semestre, tivemos diversos problemas relacionados à saúde: chikungunya, dengue, síndromes gripais e uma quarta onda da pandemia. Esse quadro reflete no maior consumo de remédios, impactando no bolso do consumidor que compromete boa parte da renda com medicamentos”, avalia.

O que esperar para os próximos meses?

Para o economista Wandemberg Almeida, a tendência é de estabilidade nesses patamares ao longo do ano, com possibilidade de queda a partir de 2023.

“O mundo voltou a produzir e está aumentado a oferta de insumos. Além disso, recentemente, tivemos a questão da redução da tarifa de energia, podendo refletir numa queda significativa e estabilizar os valores até o fim do ano”, contextualiza.

“Caso não apareça outra surpresa em 2023, haverá mais equilíbrio entre oferta, demanda e a produção industrial”, finaliza.

Como economizar na compra de remédios?

O conselheiro do Conselho Regional de Economia Ceará (Corecon-CE), Wandemberg Almeida, observa que as alternativas para amenizar os impactos da alta são as pesquisas de preços e a busca por promoções e descontos.

Atualmente, usuários de planos de saúde, classes profissionais e associados em clube esportivo possuem vantagens em algumas redes de farmácias. Além disso, laboratórios também oferecem abatimentos para clientes cadastrados em sistema de fidelização.

“Muitos consumidores não sabem, mas grandes empresas farmacêuticas oferecem desconto para quem se cadastra nos sites. Vale procurar o laboratório do medicamento e verificar se há essa possibilidade”, enfatiza o economista.

Veja seis dicas para economizar:

  1. O programa Farmácia Popular distribui remédios gratuitos para as redes credenciadas do “Aqui tem Farmácia Popular” para pessoas com hipertensão, diabetes ou asma. Também há outros medicamentos com descontos de até 90% para dislipidemia (colesterol alto), rinite, Parkinson, osteoporose e glaucoma. Os descontos também valem para contraceptivos e fraldas geriátricas;
  2. Faça a tradicional pesquisa para comparação de preços em farmácias. Uma dica é utilizar aplicativos de entrega para verificar em mais estabelecimentos. Também há a opção pesquisas nos apps que estão liberando cupons de desconto para remédios.
  3. Alguns clubes esportivos, classes profissionais e planos de saúde oferecem desconto em redes de farmácia mediante apresentação de cartão que comprove o vínculo; pergunte no local da compra se há essa possibilidade;
  4. As grandes redes possuem programas de fidelidade para compras; faça o cadastro e sempre monitore as promoções, sobretudo, para medicações de uso contínuo.
  5. Evite comprar suplementos e vitaminas sem indicação médica para saber se há necessidade. Durante a pandemia de Covid-19, a demanda por esses produtos cresceu e o mercado farmacêutico começou a ofertar inúmeras promoções;
  6. Converse com seu médico sobre a possibilidade de utilizar remédios genéricos ou similares.

  7. DN