Investigação da PF complica deputado Júnior Mano e pode fortalecer Eunício Oliveira
A nova fase da investigação
da Polícia Federal tem colocado o deputado federal Antônio Júnior Mano (PSB‑CE)
no centro de uma apuração que envolve desvios de emendas parlamentares, compra
de votos e relação com facções criminosas no interior do Ceará.
Realizada em 8 de julho, a operação “Underhand” teve mandados cumpridos no gabinete de Júnior Mano, em sua residência em Brasília e em diversos municípios cearenses — como Fortaleza, Nova Russas e Canindé — com autorização do STF, via ministro Gilmar Mendes.
Principais
ocorrências da investigação
· Papel central:
Desde dezembro, a PF considera Júnior Mano peça central no esquema que teria
utilizado cerca de R$ 104 milhões em emendas, sendo R$ 47 milhões via “emenda
Pix”, sem plano de trabalho, para compra de votos em 51 cidades cearenses.
· Ligações perigosas:
As apurações envolvem intermediários como Bebeto Queiroz, o “Bebeto do Choró”,
apontado como líder de organização criminosa e foragido. Há indícios de vínculo com a facção Guardiões do Estado.
· Tramitação no STF: O
ministro Gilmar Mendes ordenou que a investigação tivesse prosseguimento no
Supremo, determinando ainda um relatório parcial da PF em 15 dias.
Citados ao Senado: Guimarães, Eunício e Yuri
A
apuração também trouxe à tona menções ao ex-presidente do Senado, Eunício Oliveira
(MDB‑CE), e ao líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT‑CE). Segundo
transcrições de áudio, ambos teriam indicado emendas a favor de municípios
vinculados ao esquema.
· Em um telefonema
interceptado, Bebeto diz que “Eunício indicou R$ 1 milhão para
Canindé”, e que “Guimarães também teria destinado R$ 2 milhões para
Choró”.
· Apesar de citados, nem Eunício nem Guimarães foram alvos nesta fase. O STF já autorizou inquérito específico para investigar o possível envolvimento deles. Eunício ressaltou, em nota, que destina emendas de forma transparente e que ainda não foi notificado de qualquer investigação.
· Yury do Paredão também se pronunciou. Ele declarou ter "compromisso notável com a transparência e o desenvolvimento do Ceará", em comunicado à imprensa
Impacto eleitoral e reflexos políticos
· Para Júnior Mano:
As novas descobertas reforçam as graves alegações contra ele — o que pode minar
sua pré-candidatura ao Senado em 2026, já articulada por Cid Gomes (PSB) como
aposta estratégica na disputa estadual.
· Para Eunício Oliveira: Dependendo dos desdobramentos do inquérito, ele pode sair fortalecido — especialmente se nenhuma acusação se confirmar, pois surgiria como alternativa ao desgaste do PSB. Já havia iniciado movimentações para disputar o Senado.
Cenário futuro
1. A
PGR e o STF devem receber o relatório parcial da PF,
análise que pode desencadear novas fases da investigação ou pedidos de prisão.
2. O
inquérito sobre Eunício e Guimarães será crítico: caso o STF
entenda que há provas suficientes, poderá inclusive ordenar busca e apreensão
ou conduções coercitivas.
3. Consequência
eleitoral: Se Júnior Mano continuar sendo forte alvo,
o PSB precisará reelaborar estratégias. Isso pode impulsionar nomes como
Eunício, com base no MDB, se suas contas forem limpas.
A
investigação da PF ameaça a viabilidade política de Júnior Mano ao Senado, ao
mesmo tempo em que abre uma brecha para Eunício Oliveira e aliados. Com o caso
agora nas mãos do STF, o foco se volta aos próximos relatórios e eventuais
desdobramentos judiciais envolvendo os mencionados.
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