Delegados e inspetores acusados de tortura e corrupção são afastados e terão que usar tornozeleira

Por Redação DN 27/09/2021 - 11:38 hs
Foto: Unidade de Arte / SVM
Delegados e inspetores acusados de tortura e corrupção são afastados e terão que usar tornozeleira
Duas delegadas e 24 inspetores são denunciados por crimes como tortura e associação criminosa no Cea

Duas delegadas, 23 inspetores da Polícia Civil do Ceará e um ex-inspetor (atualmente delegado no Estado do Piauí) viraram réus, nesta segunda-feira (27), por denúncia de participação em um esquema criminoso que envolve vários crimes, como extorsão e tortura. A denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE) contra os agentes foi apresentada no último dia 18 de agosto e aceita no dia 17 de setembro pela Vara de Delitos e Organizações Criminosas. 

A determinação judicial prevê, ainda, que todos os suspeitos sejam afastados das funções públicas e utilizem tornozeleira eletrônica. Além do cumprimento de mandados de busca e apreensão contra os acusados, o Poder Judiciário determinou a entrega de senhas, equipamentos da Polícia Civil e a quebra de sigilo bancário e telefônico de alguns dos policiais réus em 48 horas. 

Coletiva
Legenda: MPCE concede coletiva de imprensa nesta manhã
Foto: SVM

 

ENTENDA O CASO

Em 2017, uma investigação da Polícia Federal (PF) descortinou um esquema de extorsão e corrupção envolvendo pessoas ligadas à segurança pública do Ceará. O caso começou a ser apurado após a delação premiada de um português preso por vender anabolizantes da Europa.

Carlos Miguel de Oliveira Pinheiro esteve em duas ocasiões na Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas (DCTD). Em depoimentos, ele relatou ter tido bens subtraídos pelos policiais civis. A partir daí, iniciou-se a operação batizada de “Vereda”.

modus operandi identificado foi a extorsão, tortura e ameça de suspeitos de crime ou que já possuíam mandado judicial em aberto. Os participantes da organização ameaçavam, inclusive, decretar a prisão em flagrante deles para obter informações sobre traficantes maiores e mais quantidade de drogas.

Ao todo, 25 pessoas foram acusadas de envolvimento. No entanto, uma delas morreu assinada durante as investigações. Em dezembro daquele ano, a PF realizou prisões expediu mandados de condução coercitiva contra três delegados e 13 inspetores da Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas (DCTD) e da Polícia Civil, entre outras. Destes, 13 já foram condenados.  

Após três anos investigando o caso, o Ministério Público do Ceará (MPCE) denunciou, no último dia 18 de agosto, 26 policiais civis e outras seis pessoas por participação deste esquema, incluindo os crimes de tortura, tráfico de drogas, corrupção, extorsão, abuso de autoridade, peculato, prevaricação e associação criminosa.

Duas delegadas, que estiveram à frente da Delegacia de Combate ao Tráfico de Drogas (DCTD), também são acusadas de participarem da organização.  

QUEM SÃO OS DENUNCIADOS E ONDE ELES ESTÃO ATUALMENTE:

  1. Anderson Rodrigues da Costa, inspetor, Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco)
  2. André de Almeida Lubanco, escrivão, escrivão, 10º Distrito Policial
  3. Anna Cláudia Nery da Silva, delegada, Delegacia de Defesa da Mulher de Fortaleza
  4. Antônio Chaves Pinto Júnior, inspetor, Departamento de Recursos Humanos
  5. Antônio Henrique Gomes de Araújo, inspetor, Departamento de Recursos Humanos
  6. Antônio Márcio do Nascimento Maciel, inspetor, Departamento de Informática
  7. Cristiano Soares Duarte, inspetor, 12º Distrito Policial
  8. Edenias Silva da Costa Filho, inspetor, Delegacia de Roubos e Furtos (DRF)
  9. Eliezer Moreira Batista, inspetor,  Gabinete da Superintendência da Polícia Civil
  10. Fábio Oliveira Benevides, inspetor, Departamento de Recursos Humanos
  11. Fabrício Dantas Alexandre, inspetor, Departamento de Polícia Judiciária Especializada
  12. Francisco Antônio Duarte, recolhido no Centro de Triagem e Observação Criminológica (CTOC) *(não é policial)
  13. Francisco Alex de Souza Teles, inspetor, Departamento de Recursos Humanos
  14. Gleidson da Costa Ferreira, inspetor, Departamento de Polícia Judiciária Especializada
  15. Harpley Ribeiro Maciel, inspetor, 5º Distrito Policial
  16. Ivan Ferreira da Silva Júnior, inspetor, 8ª Delegacia do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP)
  17. João Filipe de Araújo Sampaio Leite, delegado do Piauí, ex-inspetor da PCCE.
  18. José Abdon Gonçalves Filho, recolhido no Centro de Triagem e Observação Criminológica (CTOC) *(não é policial)
  19. José Airton Teles Filho, inspetor, Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos e Cargas (DRFVC)
  20. José Amilton Pereira Monteiro, inspetor, 8º Distrito Policial
  21. José Audízio Soares Júnior, inspetor, Departamento de Gestão de Pessoas
  22. José Ricardo do Nascimento, recolhido no Centro de Execução Penal e Integração Social Vasco Damasceno Weyne (Cepis) *(não é policial)
  23. Karlos Ribeiro Filho, inspetor, Delegacia de Roubos e Furtos de Veículos e Cargas (DRFVC)
  24. Madson Natan Santos da Silva, inspetor, Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais
  25. Marcos Vinícos Alexandre Gonçalves, em liberdade endereço não confirmado *não é policial
  26. Patrícia Bezerra de Souza Dias Branco, delegada, Assessoria Jurídica da Polícia Civil do Ceará
  27. Petrônio Jerônimo dos Santos, inspetor, Departamento de Gestão de Pessoas
  28. Rafael de Oliveira Domingues, inspetor, Departamento de Gestão de Pessoas
  29. Raimundo Nonato Nogueira Júnior, inspetor, Departamento de Gestão de Pessoas
  30. Thiago Morais da Silva, em liberdade endereço não confirmado *(não é policial)
  31. Walkley Augusto Cosmo dos Reis, inspetor, Delegacia de Roubos e Furtos (DRF)
  32. Weverton Moreira de Brito, recolhido na Casa de Albergado de Fortaleza *(não é policial)

  33. DN