Referência na capoeira, mestre Paulão Ceará lança livro sobre início, luta e legado na arte

Por Redação DN 29/10/2021 - 08:22 hs
Foto: Rodrigo Gadelha
Referência na capoeira, mestre Paulão Ceará lança livro sobre início, luta e legado na arte
Mestre Paulão Ceará lança livro em Fortaleza e conta histórias de vida na capoeira

Aos 60 anos, 45 dedicados à capoeira, o mestre Paulão Ceará lança em Fortaleza, no dia 5 de novembro, às 21h, o livro "O que vi e vivi na capoeira", com detalhes sobre o início dele na arte, o contexto de preconceito em Fortaleza na época em que deu os primeiros gingados, os projetos e conquistas ao longo da carreira, e a consolidação como referência cultural. É fundador do Grupo Capoeira Brasil e presidente do Conselho de Mestres da World Capoeira Federation. O livro foi publicado por meio da Lei Aldir Blanc de apoio à Cultura..

A trajetória do mestre Paulão Ceará começou quando tinha 15 anos, em um ambiente onde a capoeira ainda era marginalizada, sem o respeito que viria a conquistar com o passar das décadas. Na obra, ele relata a infância na Praia de Iracema, os primeiros contatos com esportes e música, e como se reconheceu na capoeira entre as décadas de 80 e 90 no Ceará.

"Nesse livro são memórias vistas e vividas na capoeira, principalmente em Fortaleza. São histórias retratadas de todo meu envolvimento e contribuição e também de mudança da mentalidade da época onde a capoeira era discriminada e havia um preconceito muito profundo e intenso. Foram momentos de muita luta para que a sociedade fortalezense aceitasse a capoeira, principalmente na Aldeota, onde eu morava e ensinava capoeira", conta o mestre, em entrevista ao Diário do Nordeste.

Preconceito

As dificuldades enfrentadas na época vinham, inclusive, de academias e clubes, que consideravam a capoeira atividade de "vagabundo" e fechavam as portas. No livro, ele relata que chegou a evitar andar com uniforme característico para evitar preconceito.

Mestre Paulão Ceará 2
À direita, mestre Paulão Ceará acompanha roda de capoeira em Fortaleza Foto: Arquivo Pessoal

"Era um tratamento forte de preconceito, por que eu ouvia de donos de academias e, às vezes, de clubes que a capoeira era para vagabundos ou mesmo marginais. Isso me deixava chateado e me dava mais energia para enfrentar tudo isso com garra. Nunca desanimei. Sempre forte e andando de cabeça erguida. Por algum tempo, não andava pelas ruas com o uniforme de capoeira, mas depois me realizei que eu tinha que enfrentar tudo isso e mudar essa mentalidade", relembra.

Reconhecimento

Depois de participar de inúmeras atividades no Ceará, mesclando capoeira com dança, humor e shows musicais, sobretudo na década de 90, o mestre Paulão Ceará decidiu ganhar o mundo e se mudou para a Holanda em 1994, onde fundou o Grupo Capoeira Brasil. Permaneceu lá por cerca de 15 anos, até fazer morada na Hungria, onde permanece até hoje, passados 14 anos.

Desde o início até hoje, 26 mestres Corda Preta se formaram pelas mãos do mestre cearense. Hoje o grupo está em 65 cidades de 25 países, apesar da redução de alunos por conta da pandemia.

Em 2018, Paulão Ceará recebeu o título de Mestre da Cultura pela Secretaria de Cultura do Estado, e Doutor Notório Saber pela Universidade Estadual do Ceará (Uece).

Serviço

Lançamento do livro "O que vi e vivi na capoeira"
Data: 5 de novembro
Horário: 21h
Local: RC Reggae Bistrô & Cia (Rua José Avelino, 309, ao lado do Dragão do Mar)

DN