Sargento da PM que ostentava na web é preso suspeito de liderar quadrilha

Por Aliny Gama 17/11/2021 - 09:18 hs
Foto: Reprodução/Instagram
Sargento da PM que ostentava na web é preso suspeito de liderar quadrilha
O sargento Ronie, da Polícia Militar do Distrito Federal, postava fotos ostentando vida de luxo

Seis pessoas foram presas na manhã de hoje suspeitas de integrarem uma organização criminosa que praticava agiotagem, extorsão e lavagem de dinheiro no Distrito Federal. Entre os investigados estão Ronie Peter Fernandes da Silva, sargento da Polícia Militar, e seu irmão, Thiago Fernandes da Silva.

Os dois ostentavam vidas de luxo nas redes sociais, posando ao lado de carros esportivos, como um Porsche Carrera, e em destinos paradisíacos como as Maldivas, Fernando de Noronha e os Emirados Árabes Unidos.

O pai dos irmãos e mais quatro pessoas também foram presas suspeitas de movimentar milhões de reais com as práticas delituosas. Um sétimo integrante, que é de São Paulo, está foragido. O grupo, segundo investigações da PCDF, movimentou pelo menos R$ 8 milhões com o esquema.

Segundo a Polícia Civil da capital federal, a quadrilha tinha bases nos municípios de Águas Claras, Taguatinga e Vicente Pires, todos no Distrito Federal, onde montaram empresas de fachada para lavagem de dinheiro.

thiago fernandes - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Thiago Fernandes da Silva é irmão do sargento Ronie Peter e também foi preso                                      Imagem: Reprodução/Instagram

A investigação policial apontou que valores obtidos por meio de agiotagem eram ocultados com aquisição de veículos de luxo, que eram registrados em nome de terceiros e também por meio das empresas de fachada.

Somente o PM Ronie Peter, que é tratado como líder do grupo, comprou oito veículos da marca Porsche nos últimos dois anos, cada um com valor aproximado de R$ 1 milhão, exibindo uma vida de luxo incompatível com o salário de policial militar.

A operação que prendeu os suspeitos, denominada de S.O.S Malibu, faz referência ao nome de uma das lojas usadas pelos investigados para lavar dinheiro de agiotagem. A empresa, segundo a polícia, está registrada no nome de terceiros e fica localizada em Taguatinga.

A polícia informou que apreendeu três Porsches e uma BMW X4 durante a operação. Os carros apreendidos estão avaliados em R$ 3 milhões. Sete contas bancárias, de pessoas físicas e jurídicas, também foram bloqueadas, e houve bloqueio e sequestro de R$ 8 milhões.

"Caso sejam condenados pela Justiça pelos crimes de usura, extorsão e lavagem de capitais, os investigados pegam penas que superam dez anos de reclusão", explicou o delegado responsável pelo caso.

A investigação apontou que o grupo também é suspeito de atuar com empréstimos de dinheiro com juros superiores aos permitidos por lei (usura ou agiotagem) e cobrava os valores mediante o emprego de grave ameaça - aproveitando o status de um dos suspeitos como policial.

"Durante as cobranças, além das ameaças, o grupo tomava veículos e exigia a transferência de imóveis dos endividados", contou a PCDF sobre como era a atuação da organização criminosa.

A estrutura do grupo, segundo investigações da PCDF, tinha hierarquização e havia divisão de tarefas. "Na cadeia de comando havia dois integrantes da mesma família, que emprestavam os valores e cobravam os endividados, mediante grave ameaça. O líder do grupo ainda era responsável pela aquisição dos veículos de alto luxo."

UOL entrou em contato com os advogados dos presos, mas até a publicação deste texto não obteve retorno. O espaço está aberto para posicionamentos e será atualizado tão logo as defesas dos investigados retornem o contato.