Graças a esforço solitário de padre, 4 mil pessoas têm água em casa no MA

Por Redação UOL 28/03/2022 - 11:33 hs
Foto: Reprodução
Graças a esforço solitário de padre, 4 mil pessoas têm água em casa no MA
Graças a esforço solitário de padre, 4 mil pessoas têm água em casa no MA

No interior do Maranhão, um projeto para a instalação de poços artesianos já beneficiou cerca de 4 mil pessoas sem acesso à água encanada. A iniciativa é liderada pelo padre José Wasensteiner, 64, alemão com atuação em comunidades de Codó e Timbiras desde o início dos anos 90.

Ele conta que, quando chegou à região, adultos e crianças adoeciam pelo consumo de água sem tratamento e misturada à água contaminada. O saneamento básico ainda é um problema nos dois municípios.

Segundo o IBGE, apenas 24% dos mais de 120 mil habitantes de Codó têm uma rede adequada de tratamento de esgoto. Até 2010, ano da última pesquisa, Timbiras tinha apenas 13,8% do esgoto tratado para seus 30 mil moradores — ali, a internação por diarreia é de 6,1 a cada mil habitantes.

"Muitas comunidades não conhecem vereadores ou quem possa ajudá-los. São pessoas condenadas a viver a vida toda sem água potável", diz.

O início

O pároco se voluntariou para vir ao Brasil após 6 anos de trabalho em igrejas alemãs. Segundo ele, foi atraído pela resiliência e hospitalidade dos brasileiros diante de uma sociedade desigual e desafiadora.

No final dos anos 90, José buscou doações de amigos na Alemanha para fazer os poços artesianos em comunidades afastadas do trecho urbano de Codó. A busca por água no subsolo é complexa, diz o padre.

O projeto tem capacidade para furar somente entre 20 e 40 metros — há poços que chegam a mais de 100 metros de profundidade — em terrenos arenosos, lamacentos e com difícil acesso. Em 2012, quase 15 anos após o início desse trabalho, uma empresa de engenharia doou uma máquina de perfuração para facilitar o processo.

A instalação é gratuita para a família. Em troca, elas podem oferecer almoço ou estadia para os funcionários, caso seja necessário. A igreja fornece a mão de obra, o maquinário e o combustível e, segundo ele, ninguém precisa se comprometer em aparecer na igreja.

Segundo o padre e os dados do IBGE, desde os anos 90, o desemprego e a informalidade são altos nos dois municípios. As comunidades rurais contam com as próprias criações e plantações, diz.

Após o trabalho em Codó, que ganhou 63 poços, ele pretende ampliar o projeto em Timbiras — onde já abriu oito.

Além disso, o padre não poupa críticas ao observar situações injustas. "Às vezes a gente tem que se intrometer e dizer coisas desagradáveis, criticar os políticos e a sociedade. A corrupção, o egoísmo, muitas vezes impedem uma vida digna das pessoas", diz.