Deputado Mauro Filho alfineta taxa de juros e autonomia do Banco Central

Por Paulo Sergio de Carvalho 23/06/2025 - 08:46 hs
Foto: Reprodução
Deputado Mauro Filho alfineta taxa de juros e autonomia do Banco Central
Deputado Mauro Filho alfineta taxa de juros e autonomia do Banco Central

O deputado federal e economista Mauro Benevides Filho (PDT‑CE) intensificou nas últimas semanas sua crítica à política monetária do Banco Central, em especial à elevada taxa da Selic e ao modelo de independência da autoridade monetária. As declarações têm repercutido em debates no Congresso e em redes sociais.

🔍 O cerne da crítica

Em participação no programa "Câmara Debate", Mauro Filho afirmou que “não faz sentido o Brasil ter a maior taxa de juro real do mundo” e que o debate é “absolutamente interditado na Câmara” Ele ressalta que, enquanto a despesa primária diminuiu entre 2023 e 2024, a política monetária permanece com taxas altíssimas, agrando um custo desnecessário ao governo.

💰 Juros x rentabilidade dos bancos

O deputado aponta que o Brasil registra a maior taxa de juros real do mundo – excluída a Rússia em guerra – favorecendo a lucratividade dos bancos em detrimento da economia real. Em 2024, o setor bancário lucrou R$ 108,2 bilhões, um aumento de 18,6% em relação ao ano anterior. Ele destacou:

“Hoje, se uma empresa pegar dinheiro no banco, a rentabilidade do seu negócio não paga a operação de crédito.” 

⚖️ Impacto na dívida pública e economia

Segundo Mauro Filho, as altas taxas são responsáveis por cerca de R$ 952 bilhões em juros da dívida pública em 2024, enquanto o próprio governo contribuiu com apenas R$ 11 a 42 bilhões para o déficit no período. Ele questiona: por que uma Selic tão alta – entre 13% e 14% – se um patamar como 11% já cumpriria a meta de inflação de 3,25%?

🏛 Autonomia do BC sob ataque

O deputado cobra mudanças na legislação que garante independência ao Banco Central, argumentando que a instituição opera sem accountability, “um órgão do além”, segundo suas palavras. Ele defende maior participação do governo nas decisões de juros para equilibrar a estabilidade com o desenvolvimento econômico.


📉 Reação no mercado e sociedade

Especialistas e movimentos sociais têm reforçado esse debate. Uma frente parlamentar intitulada “Contra os Juros Abusivos” foi ativada, exigindo auditoria da dívida e revisão da política monetária. Nas redes, ecoam críticas ao que consideram uma "quimioterapia econômica" aplicada aos cidadãos, com destaque para um redditor:

“O verdadeiro inimigo da economia real brasileira são suas elevadas taxas de juros. Esse é o principal ponto de estrangulamento da economia real”.

🧭 O contraponto do BC

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, defende a necessidade de manter juros mais altos do que em outros países para conter a inflação e atingir as metas estabelecidas. Ele aponta que, sem um modelo robusto de transmissão do crédito e controle fiscal, taxas mais altas seriam inevitáveis.

O deputado Mauro Benevides Filho aponta um modelo monetário que, segundo ele, privilegia bancos e rentistas, enfraquecendo a economia produtiva e pressionando a dívida pública. O debate avança no Congresso e nas ruas, enquanto o Banco Central se posiciona na defesa da continuidade da política monetária rígida. O tema segue quente, com impactos possivelmente decisivos na trajetória de crescimento econômico, desemprego e ajuste fiscal do país.